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  • Foto do escritorDr. João De Sousa

Explicação de Inspector-chefe da P.J. sobre o cadáver de Luís Grilo, pode explicar Maddie McCann!

Atualizado: 17 de fev.



 

Dr. João De Sousa Consultor Forense

Terça-feira, 30 de Maio de 2023, Rosa Pina (comumente conhecida por Rosa Grilo) apresentou-se no Tribunal de Vila Franca de Xira, transportada pelos serviços prisionais do Estabelecimento Prisional de Tires, para prestar declarações no que já é conhecido pelo "Julgamento do Tiro na Banheira".



Rosa Pina prestou declarações, manipulou armas de plástico, evidenciou saber manipular e operar réplicas de armas de fogo, relatou a versão dos factos que presentemente afirma ser a correcta e disse "nós" a certa altura, ouvindo-se de imediato um burburinho por parte da assistência!


Este "nós", reforçou a forte convicção  de todos aqueles que apaixonadamente acompanham esta longa história em casa, à distância, com relatos em nada fidedignos com o que realmente se passou dentro da sala do Tribunal, relatos lidos no telemóvel de alguém que do lado de fora tem um microfone na mão e que como quem conta um conto, acrescenta (sempre muito mais do que) um ponto!


Mas o que nos interessa verdadeiramente é o pós-testemunho-de-Rosa-Pina e os comentaristas!


Programa TVI "Dois às 10" (31 Maio 2023)

Na quarta-feira, 31 de Maio de 2023, um dia após o testemunho de Rosa Pina, sou entrevistado pelo jornalista Bruno Caetano da TVI, à porta do Tribunal Judicial do Seixal, furando desta forma o "cancelamento total" do "tal Consultor Forense", agradecendo a atenção dispensada pela TVI na pessoa do Bruno Caetano, desconhecendo se deva agradecer também ao actual Director-geral da estação, José Eduardo Moniz. Fica o agradecimento.


Como é habitual nestes segmentos de entretenimento televisivo, os comentaristas, alguns com experiência profissional prévia na área da investigação criminal - ex-profssionais da P.J. - outros são advogados, psicólogos e pessoas que gravitam à volta de pessoas que conhecem outras que sabem do que falam, estiveram a comentar as minhas palavras e tudo o que sucedeu na sessão em que Rosa Pina testemunhou, assim como relativamente ao processo-crime da morte do Luís Grilo e outras coisas mais.

O painel de comentaristas da TVI no dia 31 de Maio de 2023

Uma nota breve: eu sei o nome das senhoras que estão presentes na fotografia, ainda que estas desconheçam o meu e até apresentem reações alérgicas quando ouvem o nome "do tal Consultor" e, muito importante, a caricatura é feita sem qualquer crítica a algum aspecto físico em particular, apenas retrata o que na minha modesta opinião é a personalidade das mesmas, desconhecendo a minha pessoa se alguma das senhoras apresenta alguma inibição recorrente ou permanente, ausência ou retardo do que quer que seja, é apenas uma brincadeira.


Vamos ao que realmente interessa: António Teixeira, Inspector-chefe da Polícia Judiciária, agora reformado e comentarista no segmento de entretenimento em apreço, histórico dos homicídios da Polícia Judiciária, foi Inspector-chefe da 3ª Brigada (brigada da qual eu fazia parte) da 1ª Secção de Homicídios da então designada Directoria de Lisboa da P.J.

Vamos recuperar o que este disse a respeito de um caso que investigámos, no qual uma senhora matou o marido e arrastou o corpo do mesmo desfazendo-se depois do cadáver:


A última frase de António Teixeira, histórico dos Homicídios de Lisboa:

"(...) Com certeza que se andasse a meter-me para debaixo das escadas iriam encontrar-me marcas em termos de autópsia."



António Teixeira a cozinhar na TVI (Fonte: TVI)



Eu sei, Teixeira, que tem sido contido, mas colocou-se a jeito e até naquele tempo eu sempre "martelava" a paciência à histórica chefia, nomeadamente quando dizia provocatoriamente que tinha aprendido muito consigo pelo exemplo... "a contrário".


Mantenha o sentido de humor, com o seu característico sorriso amarelo!





Vamos analisar o que disse o António Teixeira, começando por dizer, com a devida vénia, que o que afirmou é um disparate completo, fruto de ousada ignorância técnica.


Arrastamento do corpo deixa marcas que depois são sempre detectadas na autópsia: ERRADO!


Arrastamento produz as denominadas lesões de arrasto que estão relacionadas ou com a aspereza do solo, ou com a distância percorrida e a duração do arrasto.

Podem observar-se desde simples escoriações lineares, escoriações amplas (semelhantes às lesões que se observam nas quedas de bicicleta, moto ou skate) e o vulgar abrasão, não só de pele e estruturas moles adjacentes, como inclusive estruturas ósseas.

Muito habitual em atropelamentos com arrasto:


"Vademecum de Medicina Legal e Odontologia Legal" Editora Mizuno 2007

Esperem, isto de colocar imagens de livros é o que fazem os "comentaristas" que ouviram falar a alguém ou que vão à Wikipédia ou mesmo ao Google para preparar os temas que o "Correio da Manha" noticia.

Se crítico, não posso fazer igual . Vamos lá ilustrar o que expusemos com trabalho real no terreno, experiência pensada e teorizada:

Escoriação "ante mortem", região do joelho

Escoriação "ante mortem" região do joelho (visível o anel do então Inspector João De Sousa, foi o próprio que mexeu e cheirou)

Chamo a Vossa atenção para a expressão "ante mortem" (expressão latina para "antes da morte").

Esta marca característica só é possível de ser observada quando a lesão é produzida com o indivíduo ainda vivo!

não se vê numa autópsia quando é após a morte (post mortem).


É uma impossibilidade científica porque já não existe circulação sanguínea, assim como é impossível verificar-se a presença do vulgar hematoma (que não é nada mais nada menos que a rutura de vasos sanguíneos após acção contundente).


Poderiam existir marcas de arrastamento se o cadáver tivesse lesões mais exuberantes, consequência, por exemplo, de embate em algo ou existiriam "marcas" se aquando da autópsia/virtópsia (radiografia ao cadáver, imagiologia) o perito encontrasse lesões ósseas - não foi realizada virtópsia na autópsia do Luís Grilo!


Mais, o cadáver de Luís Grilo foi enrolado num cobertor e arrastado pelas escadas da casa!

Logo, não existem sinais de arrasto, nomeadamente escoriações "post mortem" e, no espaço em questão - do quarto, pelas escadas até à garagem, enrolado num cobertor - arrastar o cadáver é exequível.


O colectivo de juizes do julgamento que condenou a Rosa Pina e o António Joaquim, os Jurados, a imprensa sensacionalista, mas muito pior e triste, os ex-inspectores, ex-coordenadores, ex- inspectores-chefes, históricos ou não, da Polícia Judiciária, assim como os próprios investigadores do Caso da morte de Luís Grilo, invocam esta impossibilidade científica, uns porque são profundamente ignorantes e ousados, outros porque a isto juntam o mais que estudado fenómeno de "cognição de protecção de identidade": temos de defender a nossa casa!


Agora vamos analisar a questão de a Rosa Grilo conseguir ou não arrastar o cadáver de Luís Grilo e transportá-lo sozinha: vamos ver o que na realidade (documentado) se passou no caso que o histórico Inspector-chefe António Teixeira, agora reformado, invocou.


A autora do homicídio, exibindo as lesões resultado de agressões



A jovem mulher, na casa dos trinta anos, casada com um indivíduo mais velho, na casa dos sessenta, existiam filhos resultado dessa união, maltratada física e psicologicamente pelo marido que viria a matar.






Com cerca de um metro e sessenta e cinco centímetros de altura, aproximadamente 70 quilos de peso, franzina (reparem no tamanho do calçado), esta é a homicida:

Sufocou o marido que estava extremamente alcoolizado, deitado na cama do casal, e após ter praticado o homicídio, com as crianças menores a dormir em casa, enrolou o corpo num lençol e depois num tapete, amarrou o tapete com uma extensão eléctrica e depois de o colocar no elevador do prédio - viviam num 3º andar - saiu directamente para a garagem existente colocando o cadáver do marido, um homem com cerca de um metro e oitenta, pesando 90 quilos (a um cadáver com este peso, para termos a percepção da dificuldade em mobilizar o corpo, devemos acrescentar ao peso em vida cerca de 20 a 30 quilos!) no interior da bagageira do carro de ambos:


Caso real - fotos das provas reunidas

Após o descrito, a jovem mulher homicida vítima de violência doméstica, deslocou-se na viatura automóvel anteriormente referenciada e depositou o cadáver do marido num descampado, junto a um polo residencial a cerca de 10 quilómetros da sua habitação, onde, com recurso ao material existente (lixo) e a uma garrafa de álcool et´ílico (250 ml, 96% V/V, fins sanitários) incendiou o material que reuniu e que anteriormente tinha colocado a cobrir o corpo, abandonando de seguida o local.


Era seu objectivo queimar o corpo e destruir as provas: com recurso a uma garrafa de 250 ml de álcool etílico!


Caso real - o cadáver da vítima

Dizem os estudiosos da matéria que o género feminino planeia durante bastante tempo o homicídio, mas que quando tem de resolver a questão da ocultação do cadáver, falha.

O género masculino, por outro lado, "explode" no momento, mas depois, após a descida da descarga de adrenalina, planeia muito melhor a ocultação do cadáver!


Eu estive presente na habitação da homicida, no local onde apareceu o cadáver da vítima, compareci e acompanhei a autópsia e, após reunida toda esta informação, estive junto da jovem mulher homicida vítima de violência doméstica que matou o marido, da qual obtive a confissão que lográmos corroborar com os vestígios encontrados (investigação criminal).


Aquando da autópsia, foi possível determinar que o corpo não apresentava quaisquer lesões traumáticas ou marcas que indiciassem o que a jovem mulher realizou após a morte do marido, apresentando apenas sinais de asfixia.

Relembro que os restos mortais do Luís Grilo foram encontrados num estado que não permitia qualquer tipo de leitura que pudesse confirmar ou infirmar a hipótese de a Rosa Grilo ter sido auxiliada, ou não, no transporte do corpo.


Ao contrário do que António Teixeira afirmou no espaço de entretenimento da TVI, a jovem mulher homicida do caso apresentado não queimou o marido dentro do carro, mas isso é apenas falta de memória: o Teixeira não guardava estas peças processuais e/ou pensava/teorizava as mesmas.


Quanto ao lado folclórico do que relatou, muito apetecível para estes programas de entretenimento, era verdade que ele estava incrédulo, desconfiado da versão que a jovem mulher apresentou e, de facto, na casa desta, sentado no sofá existente o também franzino histórico Inspector-chefe António Teixeira dos homicídios da P.J., após este solicitar à mesma, a autora do homicídio pegou no Teixeira e demonstrou que era capaz de arrastar uma dúzia de Teixeiras.


Três conclusões podemos retirar, com segurança, comprovadas cientificamente, no final da leitura deste texto:


Iº - A probabilidade de António Joaquim ter sido condenado, encontrar-se presentemente preso e estar inocente, deveria inquietar todos aqueles que diariamente lucram com o drama deste indivíduo e de forma pornográfica e ignorante aparecem a debitar estultícia e fel;


IIº - Ninguém, até este momento, ouviu falar no caso que Vos apresentei, nem apareceu qualquer Consultor Forense ou outro, que colocasse em causa a investigação e o resultado da mesma;


IIIº - Ser comentarista (mulher ou homem) em programas de entretenimento, não é garante de conhecimento técnico, assim como a passagem por um local de trabalho/instituição e a invocação dos anos em que estivemos por lá colocados, a chefiar ou a obedecer, não é sinónimo de proficiência.


Quanto à Madeleine McCann...


António Teixeira fez parte da equipa que de Lisboa saiu para fiscalizar, sanear e branquear o trabalho dos colegas da P.J. do Algarve que realizaram a investigação ao desaparecimento da Madeleine MacCann.


O resultado é por todos nós conhecido.


Atendendo ao que António Teixeira diz sobre a morte de Luís Grilo, aos franzinos conhecimentos técnicos que publicamente demonstrou possuir, à indignação que sente quando eu coloco em causa a Polícia Judiciária e como acerrimamente defende a instituição porque tem prémios internacionais e algumas coisas mais, a explicação que este apresenta para o desaparecimento da Madeleine MacCann é, com toda a certeza, algo do género:


"Os meus anos de experiência resolveriam, mas os colegas do Algarve fizeram muita coisa mal feita e por causa deles não sabemos o que aconteceu.

Se eles, à semelhança do João De Sousa, desde o início do caso tivessem trabalhado comigo observando o que eu fazia e, muito importante, na altura pudessem enriquecer os seus conhecimentos ouvindo as minhas colegas de comentário - a Maga Patalógica e a Bruxa Má - hoje não estaríamos a falar da Maddie nem seriamos obrigados a "coordenar" do interior da nossa tenda com o símbolo da P.J., à distância sem atrapalhar muito, a polícia alemã!"

13.003 visualizações4 comentários

4 Comments


Guest
Jun 02, 2023

Este senhor caladinho era um poeta.

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Guest
Jun 01, 2023

Bem dito Dr.João.... ESSES tais comentadores que não sabem o que dizem ou falam da boca para fora o que não sabem...ficavam mas é caladinhos faziam melhor figuras... Força

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Guest
Jun 01, 2023

Não sei se você é uma boa pessoa ou não é. Vejo que todos aqueles que na televisão falam sobre si aparentam ter um ódio muito grande. Não sei se fez mal a alguns deles ou a todos. Leio o que escreve aqui e também vejo a sua página pessoal do FB e vejo que temiam família maravilhosa e deve ser bom pai. Estrambótico o que mostram quando o senhor é falado ou referenciado e sei que muitos deles são seus colegas. Vou aguardar para ver o que dá o seu julgamento mas desde já lhe digo que deve ter um pode de encaixe muito grande para aturar e suportar tudo o que dizem de si e continuar a trabalhar…

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Guest
Jun 01, 2023

E Obra Dr. Não deixe cair nada em saco roto. Ouvi aquela coitada a dizer "Consultor Forense não existe", até senti um arrepio na maneira como a ignorância paira por aqueles lados, até num tal sempre apregoado "inspector-chefe", ao qual o Hernâni desta ultima vez nem deixou abrir pio porque verificou que estava encavacado. Abraço Dr. e força.

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